Levantamento do TCE-SC aponta que medidas de isolamento já pouparam mais de 200 vidas em SC

Um estudo feito pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) em parceria com o pesquisador Francis Petterini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), aponta que as medidas de contenção da pandemia, como o isolamento social, reduziram em 52% o número de óbitos por coronavírus no Estado. Mas alerta que esse dado está em risco diante da recente aceleração no número de casos confirmados, em diferentes regiões.>Confira os detalhes do avanço do coronavírus em SC em um mapa interativo

O levantamento indicou que, até 24 de junho, a estimativa inicial era de 590 óbitos. O Estado contabilizou 279, pouco menos da metade do que apontavam os primeiros levantamentos . A pesquisa diz que dados favoráveis na Grande Florianópolis, e no Sul do Estado, puxaram os números para baixo – apesar do aceleração de mortes em outras regiões.

Se aplicada a projeção para os dados oficiais mais recentes, que apontavam 432 mortes nesta quinta-feira (9), pode-se afirmar que Santa Catarina já teria mais de 640 óbitos se as medidas não tivessem sido tomadas.

O relatório alerta que o dado não deve justificar um afrouxamento das medidas de contenção. Pelo contrário: “Ao mesmo tempo que o cenário de mortes se encontra relativamente favorável, o cenário de casos é crescente, e o potencial de uma rápida inversão nos resultados é totalmente factível”.

Regiões inspiram cuidados

O levantamento divide SC em sete grandes regiões. Entre elas, a Foz do Rio Itajaí-Açu e o Grande Oeste aparecem destaques negativos. São locais que estão em um ponto de “ineficácia relativa” em relação às medidas tomadas para conter o avanço do novo coronavírus.

A Serra e o Meio Oeste também têm resultados abaixo do esperado das políticas públicas de controle da pandemia. Já o Alto Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Planalto Norte, Nordeste e Sul aparecem como relativamente mais eficazes.

A pesquisa leva em conta dados de 100 localidades, em todo o mundo, que passaram pela mesma fase da pandemia que Santa Catarina enfrenta agora. Esta é a terceira fase do estudo, que avaliou a situação do Estado em abril e maio.

Outros dados levantados mostram que, em Santa Catarina, três a cada dez casos confirmados de coronavírus são de pessoas assintomáticas. Dos pacientes identificados 6% precisaram de internação – e cerca de 2% tiveram que ocupar um leito de UTI.

Também apontam que o tempo médio de internação dos pacientes que chegam às UTIs é de 12 dias – menor que a média nacional, que é de 16 dias.

Veja o resultado por região

Alto Vale do Itajaí

Relativamente eficaz no achatamento das curvas de casos confirmados e mortes. Foram 2.139 casos confirmados e 24 mortes até o dia 24 de junho, mas a curva de casos e mortes sintética apontou para um total estimado de 3.937 casos e 47 mortes. Isto é, as ações locais da região foram relativamente eficazes no sentido de reduzir cerca de 1.800 casos e 23 mortes (ou 45,7% e 48,9% do estimado, respectivamente).

Foz do Rio Itajaí

Cenário preocupante. Durante semanas, a curva sintética de casos e mortes se encontrava acima das curvas reais para a região. Mas as curvas reais ultrapassaram as curvas sintéticas – ou seja, as projeções – para os casos, no último mês, e para as mortes, na última semana. Até o final do período analisado, foram 4.037 casos confirmados contra 1.489 estimados (uma diferença de 2.548 a mais de casos que o total estimado) e 66 mortes registradas contra 56 estimadas, indicando uma ineficácia relativa no controle das curvas na região, adicionada a uma tendência de piora no cenário local.

Grande Florianópolis

O estudo indica alta similaridade nos resultados sintéticos e também demonstra a eficácia relativa da região no achatamento das curvas de casos confirmados e mortes. Entretanto, a aproximação das curvas reais e sintética de casos confirmados preocupa, demonstrando que, mantendo tudo constante, em breve a curva real ultrapassará a curva sintética (estimada). Foram 3.030 casos estimados contra 2.679 casos confirmados até 24 de junho (redução de 11,6%). Uma boa estatística para a macrorregião diz respeito ao gráfico de mortes: registraram-se 32 mortes até o fim do período analisado, enquanto a curva sintética de mortes estimou 221 óbitos.

Grande Oeste

Observa-se alta similaridade nas médias das covariáveis entre o Grande Oeste e os dois resultados das curvas sintéticas (projetadas). Os dados mostram uma forte sobreposição das curvas nos primeiros 14 dias, estando o total de casos no Grande Oeste abaixo da curva de casos sintética até o 45º dia após a primeira confirmação. Depois desse dia, a curva real de casos dispara, fechando o período com 4.668 casos confirmados contra 1.228 estimados (um aumento relativo de 3,8 vezes). Já a curva real de óbitos confirmados na região sempre esteve acima da curva estimada, com um diferencial de sete mortes no final do período (48 reais contra 41 mortes estimadas).

Meio Oeste e Serra

A região demonstrou diferentes níveis de eficácia relativa nos modelos de casos confirmados e mortes. Enquanto a real curva de mortes está mais achatada que a curva estimada, a real curva de casos se encontra acima da curva estimada, embora com diferença decrescente nas últimas semanas observadas. No final do período, foram 2.725 casos confirmados contra 2.616 casos estimados e 23 óbitos registrados contra 36 estimados. Uma vez que a contagem de mortes tende a ser menos suscetível a subnotificações, pode-se dizer que a região se encontra em uma posição pouco acima do eficaz, embora tal afirmação seja passível de ponderações.

Planalto Norte e Nordeste

Os resultados apontam para uma eficácia relativa na macrorregião no que diz respeito ao achatamento das curvas de casos e mortes pela Covid-19. Até o dia 24 de junho, eram 2.346 casos confirmados na região contra 2.550 estimados para o mesmo período. A diferença nas mortes registradas versus o total de mortes estimadas foi de 32,9% (49 mortes observadas contra 73 mortes estimadas). Todavia, assinala-se que, nos últimos dias, a tendência tem sido de a curva de casos confirmados da região se aproximar da curva estimada, de forma que, mantida essa tendência, a curva real de casos da região em poucos dias ultrapassará a curva sintética.

Sul

O Sul catarinense se encontra, até o dia 24 de junho, relativamente eficaz no controle de casos e mortes causadas pela Covid-19. Ainda que a diferença entre o total de casos confirmados e estimados venha reduzindo nas últimas semanas (situação análoga ao apontado na avaliação da Grande Florianópolis e do Planalto Norte e Nordeste), a diferença é positiva em ambas análises, mas preocupante. Foram 2.308 casos confirmados no período contra 2.581 estimados. Também semelhante ao observado na Grande Florianópolis, a curva real de mortes na macrorregião Sul se encontra bem abaixo da curva sintética: ou seja, uma diferença de 80 mortes (37 óbitos observados contra 117 estimados). Em outras palavras, as ações da população e gestões locais, em termos relativos com o observado em uma combinação de locais semelhantes, foram capazes de reduzir 10,6% e 68,4% casos e óbitos pela Covid-19.

Fonte:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/dagmara-spautz/levantamento-do-tce-aponta-que-medidas-isolamento-ja-pouparam-mais-de-200

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