Ouro Verde: 2º maior índice de mortalidade da RMC

18/01/18 - CIDADES - OURO VERDE/COMISSÃO – A comissão de auditores das secretarias de Gestão e Controle e de Finanças, em Campinas, que investiga irregularidades nos repasses e prestação de contas feitas pela Vitale, organização social (OS) que administrou o Hospital Municipal Ouro Verde, apresenta hoje um relatório inicial do que foi apurado até o momento. FOTO: Leandro Torres/AAN

O Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi, mais conhecido como Hospital Ouro Verde, registra o maior índice de mortalidade

O Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi, mais conhecido como Hospital Ouro Verde, registra o maior índice de mortalidade entre os três hospitais públicos de Campinas: 7,17%. Com esse índice, o Ouro Verde tem a segunda mais alta mortalidade entre todos os hospitais da Região Metropolitana de Campinas (RMC), atrás apenas do Hospital Municipal Santo Antonio, de Morungaba, com 8%. As informações são de um raio-X do atendimento e das demandas prestadas por 193 hospitais públicos do Estado de São Paulo, realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) com dados referentes ao período de janeiro a junho de 2019.

De acordo com os dados do TCE, o hospital de Morungaba é de porte pequeno, conta com 33 médicos, seis leitos clínicos e três pediátricos. No primeiro semestre de 2019, realizou 33.327 procedimentos, entre atendimentos, consultas e exames. No mesmo período, contabilizou 50 internações e quatro óbitos.

O Hospital Ouro Verde, por sua vez, é de grande porte, conta com 536 médicos e realizou 549.130 procedimentos no primeiro semestre de 2019, entre atendimentos, consultas e exames. O complexo tem 215 leitos, entre cirúrgicos, clínicos, pediátricos e complementares, além de 10 leitos do hospital-dia. No período, realizou 5.450 internações e registrou 391 mortes. 

O Hospital de Clínicas da Unicamp aparece com índice de mortalidade de 4,58%. De porte grande, o hospital tem 1.591 médicos em seu corpo clínico e realizou 2.083.343 procedimentos, entre atendimentos, consultas e exames, nos seis primeiros meses do ano passado.

A unidade tem 576 leitos, entre cirúrgicos, clínicos, obstétricos, pediátricos, complementares, de outras especialidades e ainda 24 de hospital-dia. No período analisado, a Unicamp registrou 13.654 internações, com 626 óbitos.A unidade de saúde com a menor taxa de mortalidade é o Hospital Municipal Walter Ferrari, de Jaguariúna, com 2,92%. A unidade é de porte médio, conta com 170 médicos e, no período, realizou 266.397 procedimentos, entre atendimentos, consultas e exames. O hospital tem 78 leitos, entre cirúrgicos, clínicos, obstétricos e pediátricos. Nos seis primeiros meses do ano de 2019, registrou 1.848 internações e 54 mortes.

Dados gerais

Nos seis primeiros meses de 2019, nos 193 hospitais públicos, estaduais e municipais do Estado de São Paulo, foram realizados mais de 57 milhões de procedimentos, entre consultas, tratamentos, cirurgias, exames e atendimentos ambulatoriais. A amostra compreende 31.115 leitos e uma rede de atendimento que conta com 28.179 médicos devidamente cadastrados no sistema. Os dados, obtidos de vários sistemas pelo Tribunal de Contas do Estado, são referentes ao primeiro semestre de 2019 (entre janeiro e junho) e estão disponibilizados no Painel da Saúde – ferramenta desenvolvida pela Corte para mostrar o panorama da assistência hospitalar pública prestada aos cidadãos. 

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na capital, lidera o ranking com o maior número de atendimentos, 4,3 milhões, o que representa 7,5% do total. A unidade, que é a maior em número de leitos (1.455), também foi a que mais realizou internações, totalizando 26.830 em seis meses. Completando a lista dos três estabelecimentos universitários que mais efetuaram atendimentos estão o Hospital de Clínicas da Unicamp e o Hospital das Clínicas de Botucatu, totalizando 2 milhões e 1,9 milhão de procedimentos, respectivamente. 

Capacidade

O levantamento foi feito a partir de bases de dados e informações colhidas junto ao Ministério da Saúde e às Secretarias estaduais da Saúde e da Fazenda; e abrange os 193 hospitais próprios administrados diretamente pelo Estado e/ou municípios. Não estão incluídos no painel os hospitais de entidades sem fins lucrativos ou filantrópicos, como as Santas Casas.

Do total, 53 unidades estão localizadas na Capital e 140 se encontram em 95 municípios do Estado.Do total, 102 hospitais (52,85%) estão sob gestão municipal e 91 unidades sob a responsabilidade do Estado, o que representa 47,15%. Destes, 59 são considerados de pequeno porte (até 50 leitos), 68 de nível médio (51 a 150 leitos), 63 de nível grande (de 151 a 500 leitos) e 3 de porte especial (acima de 500 leitos).

Funcionalidades

Desenvolvido pelo Departamento de Tecnologia da Informação do TCE, a plataforma ‘Painel da Saúde’, prevista para ser atualizada semestralmente, possibilita ao interessado obter informações, por meio de números e gráficos, sobre o atendimento nos hospitais públicos.

A interface conta com uma ferramenta de busca por hospital que possibilita ao interessado ter acesso a informações cruciais para análise do atendimento prestado e dos recursos hospitalares disponíveis, acerca, por exemplo, da quantidade de médicos que prestam assistência e o total de internações, atendimentos, consultas e exames realizados.

Com a busca individualizada, é possível visualizar detalhes sobre os tipos de leitos (de internação, cirúrgico) e de equipamentos (tomógrafo, aparelho de ressonância magnética, ultrassom com doppler colorido e ecógrafo) disponíveis em cada hospital. A interface com os dados e informações pode ser acessada pelo link http://www.tce.sp.gov.br/paineldasaude.

‘Hospitais têm diferentes complexidades’, diz diretora

Segundo Cynthia Herrera, diretora técnica do Hospital Ouro Verde, não se deve comparar taxas de mortalidade entre hospitais de complexidades distintas. Ela afirmou que a taxa da unidade é esperada porque, no Hospital Ouro Verde, os leitos de Terapia Intensiva correspondem a quase 25% dos leitos, atendendo um significativo percentual de pacientes com patologias cardiovasculares e respiratórias graves, clinicamente instáveis e que requerem cuidados intensivos.

Adicionalmente, outros 25% dos leitos são destinados à Enfermaria de Clínica Médica, setor cuja faixa etária média costuma ser avançada e o perfil de patologias frequentemente envolve doenças cardíacas, respiratórias e oncológicas em idosos. “Esses perfis de pacientes, naturalmente, estão associados a um maior risco de mortalidade. Cerca de 70% dos óbitos ocorridos em 2019 foram em pacientes acima de 65 anos; 58% destes, na unidade de terapia intensiva, onde os casos de maior gravidade são admitidos”, explica.

Ainda segundo ela, no Hospital Ouro Verde, 100% dos leitos de internação são regulados pela Central Municipal de Regulação de Leitos (eventualmente pela Central Estadual). “Dessa forma, é frequente que o Hospital receba pacientes provenientes de outros serviços de saúde, em sua maioria, idosos, muitos deles com histórico de múltiplas admissões hospitalares e com agravamento da condição clínica, o que impede sua permanência no serviço de menor complexidade assistencial.

Em resumo, o Hospital Ouro Verde tem um perfil de acolhimento de doentes mais idosos, com patologias crônicas e, muitas vezes, sob cuidados paliativos. Levantamento realizado pela ANS para hospitais com esse perfil encontrou uma média de mortalidade institucional de 18%. Portanto, a taxa do Ouro Verde está dentro da esperada”, afirma a diretora.

Fonte: https://correio.rac.com.br/_conteudo/2020/01/campinas_e_rmc/894200-ouro-verde-2-maior-indice-de-mortalidade-da-rmc.html#

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