Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul divulga estudo sobre transporte coletivo

ocumento avalia os sistemas de ônibus dos municípios com mais de 25 mil habitantes no estado

ALEXANDRE PELEGI

O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) divulgou há alguns dias nova edição do Diagnóstico do Transporte Coletivo Urbano por ônibus no Rio Grande do Sul.

O estudo avalia os sistemas de ônibus dos municípios com mais de 25 mil habitantes, e abrange aspectos como a tarifa, a estrutura dos custos e a qualidade do serviço.

Através do preenchimento de um questionário, o Tribunal colheu os dados das cidades, onde buscou identificar a prática de aspectos relacionados à Lei Nacional de Mobilidade Urbana.

Para fins de comparação, o estudo comparou com outro realizado pelo TCE-RS em 2015.

LICITAÇÃO X PRECARIEDADE

Dos 88 municípios participantes da nova pesquisa, 79 declararam possuir sistema próprio de transporte coletivo urbano.

Desses, 95% (75) delegam o transporte coletivo ao setor privado; os restantes (13) se encaixam em outras situações.

Das 75 cidades que operam transporte por delegação, 54 deles (68%) possuem contratos de prestação do serviço de transporte coletivo urbano a partir de processos licitatórios, enquanto outros 25 afirmaram a existência de algum tipo de precariedade em suas contratações.

Desses 25, que atuam com regimes precários, 12 cidades (15%) têm contratos existentes que não decorrem de licitação, e 13 não possuem contratos de prestação de serviços vigentes.

QUALIDADE DO SERVIÇO

O TCE-RS apurou que somente 20 das 79 cidades que possuem transporte coletivo estabelecem em contrato os parâmetros a serem cumpridos.

As frotas de ônibus de Alvorada, Cachoeirinha, Carazinho, Esteio, Gravataí, Guaíba, Santa Cruz do Sul, Cruz Alta e São Leopoldo são 100% acessíveis.

Caxias do Sul possui índice de 96% de acessibilidade, seguido por Canoas, com 93%, Santa Rosa, com 90%, e Pelotas, com 89%.

Por outro lado, 54% das cidades possuem sistema de bilhetagem eletrônica.

Com ônibus com ar condicionado, destacam-se Esteio, com 100% da frota climatizada, seguido por Erechim, com 70%, e Santa Cruz do Sul, com 66%.

O conselheiro Estilac Xavier, presidente do TCE-RS, acredita que o problema do transporte coletivo pode ser sentido na percepção do usuário, independentemente do segmento social a que ele pertence. “Encontrar soluções que garantam maior qualidade na prestação do serviço, em tarifa acessível, é o desafio a ser enfrentado por todos os gestores e, também, com a participação dos Órgãos de controle”, disse.

TRANSPARÊNCIA

Apesar de a Lei Nacional de Mobilidade Urbana (2012) estabelecer a simplicidade da compreensão da política tarifária do serviço de transporte público coletivo, a transparência da estrutura tarifária para o usuário e publicidade do processo de revisão, os auditores constataram que essa transparência ainda não se concretizou, apesar das leis regulatórias

Desde 2013, com a realização de Inspeção Especial na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre, o TCE-RS vem acompanhando a disponibilização de informações nos sites dos Executivos Municipais ou concessionárias responsáveis pelos serviços.

Em sua maioria, define o TCE-RS, “as concessionárias que disponibilizam algum tipo de informação sobre o sistema de transporte coletivo por ônibus na internet limitam-se a dados como linhas, horários e tarifa vigente. Dos 79 Municípios, 50 praticam algum tipo de transparência”, informa comunicado do órgão de contas.

TARIFA / SISTEMA TARIFÁRIO

As planilhas tarifárias de 47 cidades estavam incompletas, segundo o relatório. Ou, ainda, com erros técnicos na elaboração. O TCE-RS está elaborando planos de auditoria customizados, visando a atender às necessidades de cada administração municipal, de forma a eliminar possíveis inconformidades.

Quanto aos 32 municípios restantes, estes tiveram seus dados operacionais e custos tarifários avaliados.

Foram avaliados aspectos como taxa populacional, subsídios, frota, volume de passageiros e custos fixos e variáveis, além de ter sido realizado o cruzamento desses dados, com o objetivo de identificar possíveis causas e efeitos que acabam determinando os valores das tarifas praticadas nos diversos municípios estudados.

Nos maiores, com população acima de 100 mil habitantes, o menor valor de tarifa, R$ 3,40, é o de Erechim. Os maiores valores (R$ 4,80) são praticados em Viamão e Gravataí.

Entre 50 e 100 mil habitantes, a tarifa em Carazinho é de R$ 2,85, enquanto, em Guaíba, é de R$ 4,50.

Já nas cidades com população entre 25 e 50 mil habitantes, a variação da tarifa é de R$ 2,00, em Carlos Barbosa, a R$ 4,25, em Gramado.

O aumento da tarifa em Porto Alegre ficou abaixo da média registrada para os Municípios com população acima de 100.000 habitantes. Na Capital, o preço da passagem cresceu 44,6%, ficando abaixo dos 56,7% das cidades de seu grupo.

SUBSÍDIOS

Os auditores do Tribunal avaliam que a falta de subsídios para custear os valores das tarifas é uma das causas para seu aumento.

Das 79 cidades que possuem serviço de transporte coletivo, apenas 16 declararam possuir algum tipo de subsídio, geralmente a isenção do Imposto Sobre Serviço (ISS).

RENDA

O estudo também demonstra que os usuários comprometem 15,89% do salário mínimo nacional com transporte público. Na cidade de Bagé, esse valor chega a 16,83%, e é menor em Santa Rosa, registrando um comprometimento de 14,76%.

IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE PÚBLICO

Para o auditor do TCE-RS, Airton Roberto Rehbein, coordenador do Estudo, o transporte público é um importante instrumento de direcionamento do desenvolvimento das cidades. “A mobilidade urbana bem planejada, com sistemas integrados e sustentáveis, garante o acesso da cidadania aos diversos serviços do seu município, proporcionando qualidade de vida e desenvolvimento socioeconômico”, assinalou.

Todos os municípios com população acima de 25 mil habitantes que possuem serviço de transporte coletivo receberão auditoria dos técnicos do Tribunal de Contas até o final do primeiro semestre de 2020, tendo os seus contratos fiscalizados”, garante o TCE-RS.

Para ler o estudo na íntegra, clique no link: Diagnostico-Transporte-Coletivo-2019-FINAL

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Fonte: https://diariodotransporte.com.br/2019/12/24/tribunal-de-contas-do-rio-grande-do-sul-divulga-estudo-sobre-transporte-coletivo/

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